Via Sacra 2010
Via Sacra 2010

VIA SACRA 2010

 

Cena 1

(Grande Rave - Salão de Festa)

 

Figurino contemporâneo. Todos em uma balada, danças, risos, bebida... Criança passa... 1º choro marcando troca de figurino... Pessoas brincam com as peças que foram distribuídas. 2º choro mais intenso. Música para, todos procuram de onde vem o choro... Criança aparece pessoas se afastam. Criança canta (vaso novo) com ampulheta em uma  mão e um vaso de barro na outra. Pessoas se hipnotizam e passam pela ampulheta. Criança derruba o vaso e vira a ampulheta. Todos se viram e fazem uma foto como se estivessem presos dentro da ampulheta... Fumaça dispersa... Montagem da cena do estábulo onde Jesus nasceu até os Reis Magos presentearem-no.

(Todos saem)

Cena 2

(O milagre do vinho)

 

Festa de época. Cena do milagre do vinho. Jesus e convidados dançando. Maria o chama:

 

Maria: Jesus, meu filho, o vinho acabou.

 

Jesus: Ainda não é a minha hora.

 

Maria: Mas sem vinho não há festa.

 

Jesus: (baixa a cabeça e pede) Tragam - me dois jarros com água.

 

Maria: Depressa, façam o que ele está pedindo. 

 

Os jarros são trazidos e Jesus passa água de um para o outro e quando a água retorna já não é mais água.

 

O dono da casa se espanta.

 

Cena 3

(Madalena)

 

Todos saem. Jesus fica. O povo entra gritando, empurrando Madalena, ameaçando-a e apedrejando-a.

 

Povo: ADÚLTERA, ADÚLTERA, ADÚLTERA!!!!

 

Povo 1: Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério. A lei de Moisés nos prescreveu apedrejar tais mulheres. E tu, que dizes a esse respeito?

 

Jesus: (escrevendo traços no chão com o dedo, ergue-se): Aquele dentre vós que nunca pecou, atire-lhe a primeira pedra (volta a escrever no chão).

 

Depois de escutar, todos largam as pedras e dispersam.

 

Jesus: (volta-se à Madalena) Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?

 

Madalena: Ninguém, senhor.

 

Jesus: Eu também não te condeno. Vai, e doravante, não peques mais.

 

 

Cena 4

(Encapuzados na escada)

 

(Jesus sobe e se posiciona para a cena do deserto)

 

Pessoas da direita: CULPADO, CULPADO, CULPADO...

 

Pessoas da esquerda: VOCÊ, VOCÊ, VOCÊ...

 

(Criança sobe junto com a platéia)           

 

Cena 5

(Deserto)

 

Enquanto as pessoas sobem, Jesus está orando, suando

No telão, cenas de destruição.

 

 

Todos (narração - coxia): Então, Jesus foi levado pelo espírito para o deserto para ser tentado pelo diabo. Depois de jejuar 40 dias e 40 noites, ele teve fome.

 

Criança (levanta): Por que o senhor está chorando? (depois de um tempo): Não chora. Está com medo do escuro? (pausa) Você quer que eu acenda a luz? (e faz carinho nele com a pata do urso).

 

Criança: Não chora, olha... olha o que eu achei... tenho medo... papai, você não pode morrer... tenho medo... se você morrer quem vai cuidar de mim? Tudo isso vai acontecer e  quem vai me proteger?

 

Cena - guerra. ( 4 atores entram vestidos de soldados, rastejando, com metralhadoras)

 

Cena - desastre. (enfermeiros carregando corpos, gritos, choros gemidos e sirene)

 

Cena - guerra urbana. ( assalto, drogas, guerra de gangues)  

 

Jesus: Afasta-te de mim, Satanás...

 

Criança deixa o urso cair e troca de roupa.

 

Tentador: Você não percebe que todo este seu sofrimento será em vão... Essas pessoas não são a sua imagem e semelhança e sim, são a minha imagem e semelhança. Olha o que eles querem (ajudantes do Demo entram e começam a arrumá-lo).

 

Levanta e diz:

 

Tentador: Se tu és o filho de Deus, manda estas pedras (mostra as pedras) se transformarem em pães.

 

Jesus: Está escrito. (Jesus se levanta) Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.

 

(O Diabo vai até o outro lado como se avistasse um grande penhasco).

 

Tentador: Se tu és o filho de Deus, se lança daqui para baixo. Pois está escrito, aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e eles te formarão nas mãos, para que não tropeces n’alguma pedra.

 

Jesus (vai até o tentador): Também está escrito... Não tentarás o senhor teu Deus.

                            

Tentador (girando e mostrando tudo à sua volta): Tudo isso te darei, se prostrado me adorares. [algumas meninas com roupas sensuais... que lembrem tesouros, dinheiro, etc... com um banquete a oferecer]

 

Jesus (a princípio, demonstra fraqueza, e quando parece que ele vai aceitar... ele volta a si com voz de ordem): Vai-te satanás! Pois está escrito: ao senhor teu Deus adorarás e só a ele servirá. (Demônios evaporam)

 

Tentador (com ironia): Após 40 dias no deserto, Jesus começou a pregar para todos, chegou a JERUSALÉM onde encontrou verdadeira festa em sua homenagem. As pessoas gritavam seu nome e saudavam o rei, pois eles acreditavam que Jesus iria tomar seu lugar no trono.

 

Cena 6

(Domingo de Ramos)

 

Pessoa 1: Salve!

 

Pessoa 2: Viva o grande rei!

 

Pessoa 3: Estamos salvos, pois a profecia está se concretizando!

 

Pessoa 1, 2, 3: VIVA, VIVA, VIVA O REI. 

 

 

Jesus: Pedro, João, ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos.

 

Pedro: Onde queres que a preparemos, mestre?

 

Jesus: Quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro de água. Segui-o até a casa em que ele entrar. Dizei-o ao dono da casa: ‘O mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em que comerei a Páscoa com meus discípulos?’ Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado. Fazei aí os preparativos.

 

 

Cena 7

(Traição de Judas)

 

Judas: Sim, eu sei quem é aquele que chamam de Messias.

 

Ancião 1: Então, como ele é chamado?

 

Judas: Chama-se Jesus, da cidade de Nazaré.

 

Ancião 2: Pois bem, diga o quanto queres para nos mostrar onde se encontra o tal  nazareno que se faz passar por rei?

 

Judas: Eu quero trinta moedas de prata, nem uma a menos.

 

(Ancião 1 e Ancião 2 gargalham)

 

Ancião 1: Bem, terás suas trinta moedas de prata. Mas me diga, onde esta o Messias? Como farás para nos mostrar quem ele é?

 

Judas: Ele é meu amigo. Será o primeiro que cumprimentarei.

 

Ancião 2 (fala para Judas): Então anda, vai!

 

Ancião 1 (para dois soldados): Levai-o e trazei-me Jesus de Nazaré!

 

Passagem do tempo: Pessoas entram dançando com panos (muitos movimentos circulares, pois a dança simboliza passagem de tempo.

 

Cena 8

(Todos se preparam para a Santa Ceia)

 

Tentador: Os discípulos fizeram tudo como Jesus havia dito. Então prepararam a Páscoa.  

Chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.

 

Jesus: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. Pois vos digo que não mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus.

 

(Jesus toma o Cálice da Graça)

 

Jesus: Tomai-o e reparti-o entre vós. Pois vos digo que não mais beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus.

 

(Jesus pegou o pão, deu graças, partiu e deu-lhes)

 

Jesus: Este é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. (semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia) Este é o cálice da nova aliança, do meu sangue derramado por vós. Mas a mão do que me trai está comigo à mesa.

Na verdade, o filho do homem vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem é traído!

 

Judas: Eu jamais irei te trair, meu mestre!

 

Tiago: Nem eu, mestre!

 

João: Isso seria como enfiar uma espada em meu próprio peito, mestre!

 

Pedro: Mestre, eu nunca irei te abandonar! Estarei com o senhor nem que eu tenha que morrer por causa disso!

 

Jesus: Pedro, é verdade, eu vos digo. Antes que o galo cante, você me negara por três vezes!

 

Pedro: Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei.

(Todos começam a perguntarem entre si qual deles seria o traidor)

 

Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim, porque está escrito: "Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão." Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vós à Galiléia.

 

Cena 9

(O beijo de Judas)

 

Jesus se afasta e pede aos apóstolos para vigiarem.

 

Jesus: Vigiai e orai...

 

(Jesus se afasta para orar e os apóstolos adormecem. Chegam os soldados. Os discípulos, mãe e etc. se assustam)

 

Jesus (olhando para Judas): Faz o que tens que fazer.

 

(Judas beija Jesus, todos gritam o mesmo som da ampulheta e a cena paralisa por alguns instantes.) 

 

Jesus: Tu me traíste com um beijo!

 

(Soldados pegam Jesus e batem nele gratuitamente e o levam-no à força para os anciões no mezanino.)

 

Cena 10

(Os anciões)

Ancião 1: Ouvimos teres dito: "Eu destruirei este santuário feito por mãos de homens e em três dias edificarei outro que não será feito por mãos de homens".

Ancião 2: Ele é um agitador que quer trazer discórdia a todo povo da Judéia.

 

Sacerdote: Então me diz: quem são teus discípulos? Qual é a tua doutrina? (pausa)

Olha só, nada respondes? O que é isso que dizem contra ti? Então és o Cristo, o filho do Deus bendito?

 

Jesus: Se vo-lo disser, não me acreditareis, e se vós fizer qualquer pergunta, não responderei. Mas, doravante, o filho do homem estará sentado à direita do poder de Deus.

 

Ancião 2: Então, tu és o Cristo, Filho de Deus?

 

Jesus: Vós o dizeis.

 

Sacerdote: Para que desejamos ainda testemunhas? Ouvistes a blasfêmia. O que vos parece?

 

Ancião 1: É um homem digno de morte!

 

Ancião 2: Morte ao homem que blasfema!

 

Ancião 1: É tudo que ele merece!

 

Cena 11

(Pedro nega Jesus)

(No altar)

Criada do Sacerdote: Ei! Tu também estavas com Jesus de Nazaré?!

 

Pedro: Eu? Não! Claro que não! Não compreendo o que dizes.

 

(Pedro se apavora, coloca as mãos na boca com olhar perdido)

 

Criada do povo (gritando do meio do publico): Este faz parte do grupo deles, sim!

 

Pedro (com medo): Eu não conheço esse homem!

 

Pessoa do povo 1 (gritando do meio do púbico): Certamente tu és daqueles, pois és galileu.

Pedro: Não, não conheço o homem de quem falais! (Pedro cai em lágrimas)

Madalena: Pedro, venha.

Maria: Nos te ajudamos.

Pedro( saindo e chorando): Eu o trai mãe, eu o neguei...

 

Cena 12

(Perante Pilatos)

(Pilatos entra, e em sua direção vêm os guardas, batendo em Jesus)

Pilatos: Sempre castigam os presos antes de condená-los?

Ancião 1:  Mas, senhor...

Pilatos (interrompendo): Que acusação trazem contra este homem?

Sacerdote: Encontramos este homem pervertendo nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele o Cristo, o Rei!

Pilatos: Não vejo nele nada que me faça acreditar no que dizeis.

Sacerdote (com insistência): Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregado a ti!

Pilatos: Muito bem… Tomai e julgai-o segundo as vossas leis!

Sacerdote (Cínico): Mas a nós não é permitido matar ninguém.

Pilatos: Então tu és o Messias, Filho de Deus?

Jesus: Perguntas por ti mesmo ou foram os outros que te disseram de mim?

Pilatos: Por acaso sou eu um judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes te entregaram a mim.

Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se fosse deste mundo, os meus ministros teriam lutado para que não fosse entregue a ti. Mas meu reino não é deste mundo.

Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem?

(Jesus nada responde. Pilatos fica surpreso)

Pilatos: Não vejo neste homem crime algum.

Sacerdote: Ele alvoroça o povo, ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui.

Pilatos: Se este homem é da Galiléia, mandai-o a Herodes. Julgá-lo não é de minha jurisdição.

Sacerdote: Levamo-lo até Herodes, mas ele o desprezou, depois de fazer-lhe muitas perguntas às quais não obteve resposta!

Pilatos: Apresentais-me este homem como agitador do povo. Mas, após interrogá-lo na vossa presença, nada verifiquei dos crimes de que o acusais, tampouco Herodes, pois o enviou de volta. Claro está que nada há contra este homem que seja digno de morte. Portanto, após castigá-lo, soltá-lo-ei por ocasião da festa de Páscoa.

Povo 1: Não! Solta Barrabás!

Povo 2: Mata-o!

Povo 3: Morte ao rei dos Judeus!

Povo 4: Crucifica! Queremos que solte Barrabás!

(Pilatos pede para trazer Barrabas, os soldados trazem o criminoso)

Pilatos (apontando para Barrabás): Barrabás?! O assassino?!

(Barrabas acena para o povo, agitando mais ainda a multidão. Pilatos balança a cabeça, negando em pensamento)

Pilatos: De onde és tu? (irritado, vendo que Jesus não se manifesta) Tu não me respondes? Não sabes que tenho o poder de te soltar e de te crucificar?

Jesus: Nenhum poder terias sobre mim se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem o maior pecado.

Sacerdote: Se o soltas, não és amigo do imperador, porque quem se faz rei se declara contra César!

Pilatos: Eis aí o vosso Rei!

Povo 1 e 3: Fora com ele! Queremos Barrabás!

Povo 2 e 4: Crucifica! Vamos, solta Barrabás!

(Barrabás ri e comemora junto com a gritaria)

Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei?

Sacerdote (gritando energético): Nós não temos outro rei, senão César!

Pilatos: Não entendo que mal fez este homem. De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte. Portanto, depois de castigá-lo, soltá-lo-ei.

Povo 1 e 3 (gritando): Não, queremos Barrabás!

Povo 2 e 4 (gritando): Solta Barrabás! Barrabás!

Pilatos: O que farei com Jesus, que é chamado de Messias?

Homem do povo: Nós temos uma lei, e ela diz que este homem deve morrer, porque ele afirma que é o filho de Deus!

Povo 1, 2 e 3: Crucifica!

(Pilatos, vendo que nada conseguia, e que o tumulto aumentava, ergue a mão para acalmar o povo).

Pilatos: Estou inocente do sangue deste justo. (Para os soldados) Soltai Barrabás! (Para o sacerdote e o povo) E fique o caso convosco.

(Barrabás é solto. Jesus é levado para ser açoitado. Após alguns castigos, uma mulher entra na frente.)

Mulher do povo: Que o castigo por essa morte caia sobre nossas cabeças e o seu sangue, sobre nossos filhos!

 

Cena 13

(Cena de Judas se enforcando)

 

Cena 14

(A injustiça)

 

Tentador: os soldados do governador Pôncio Pilatos reuniram-se em volta do homem chamado Jesus, tirando lhe as vestes. Jogaram-lhe por cima um manto púrpura e puseram lhe sobre a cabeça uma coroa tecida com espinhos. Tendo já o corpo coberto de contusões, pesada cruz lhe foi imposta, ele a carrega sobre os ombros, recebendo-a com uma dócíl submissão, quase uma estranha alegria, pois sabe que na cruz há de verter seu sangue para redenção do mundo.

(Abre a porta da Igreja e entra Jesus sendo açoitado com a cruz, coroa de espinhos e o manto púrpura.)

Guarda 2: Vamos, judeu! Anda! Vamos, anda!

Guarda 1 (debochando): Salve! Salve o rei dos Judeus! (Cospe em Jesus)

Guarda 2: (gritando): Salve!  Viva o Rei, hahaha!

(Guarda 1 retira o manto vermelho de Jesus.)

 

Tentador: Conduziram-no então em direção a um lugar de nome Gólgota. Curvado sob o peso da madeira, segue Jesus de Nazaré o caminho do sofrimento, ouvindo insultos e mortejos do povo, que se aglomera para seguir no encalço do homem que quase se arrasta, por amor a vocês. Seu corpo está coberto de sangue e suas forças estão depauperadas pela intensa agonia. Cai então, pela primeira vez, no penoso trajeto ao peso da cruz.

 

Cena 15

(Jesus cai pela primeira vez)

 (Jesus segue, chicoteado e levando chutes, socos e cotoveladas.)

 

Carregando aos ombros o pesado lenho, tendo os passos trôpegos, prossegue Jesus. Os soldados não o permitem parar. O caminho se faz em meio ao áspero percurso que sobe pelo monte do calvário. Mas ali, se esquece Jesus por um momento de todo o suplício, ao encontrar a sua boa e santa mãe, a bem-aventurada Maria, bendita entre todas as mulheres nos tempos que se vão.

 

Cena 16

(Encontra-se com Maria)

 

Tentador: Qual não é a dor de deitar o olhar sobre seu único filho pela última vez, a caminho da morte e nem ao menos dizer adeus, não com palavras. (Continua a caminhada)

 

Cena 17

(Encontro com Verônica)

Verônica (chorando, emocionada): Senhor! Senhor! Sou Verônica, por favor, permita-me, permita me ajudá-lo.

(Verônica, depois de enxugar o rosto de Jesus, tenta entregar-lhe um copo de água, sendo impedida pelos soldados, que a empurram violentamente, jogando-a no chão. Jesus continua a caminhada.)

Cena 18

(Jesus cai pela segunda vez)

Jesus: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos. Porque dias virão em que se dirá: "Bem aventuradas as estéreis, que não geraram, nem amamentaram." Nesses dias, dirão aos montes: "Cai sobre nós!" E aos outeiros: "Cubra-nos!" Porque, se em lenho verde fazem isto, que será do lenho seco?

Soldado 1: Cala-te! (chicoteia Jesus) (continua a caminhada e espancamento)

(Terceira queda, os guardas começam a bater em Jesus quando um deles grita)

Guarda: O que estão fazendo, vocês não estão vendo que se continuarem a bater nele, ele não vai chegar até o fim?

 

Tentador: Esgotam-se as energias de Jesus. Um homem de nome Simão, que, escondido no meio das árvores do caminho, chorava pelo filho de Deus, é cercado pelos soldados, que sem piedade, o obrigam a carregar a cruz. Aquele que se declarou o rei dos judeus, não poderia morrer a caminho, deveria estar vivo, ainda que só  lhe  restasse um único suspiro, para que pudesse ser estendido a vista de todos. Jesus já estava morrendo...

 

Cena 19

(Jesus cai pela terceira vez)

(Jesus cai pela terceira vez e continua apanhando. Um soldado pega Simão e o obriga a ajudar Jesus).

Simão: Mas por que eu? (assustado) Estão todos de prova de que eu sou um homem correto!

(Guarda 1 obriga Simão a pegar a cruz. Simão levanta Jesus e pega a cruz)

Simão: Agüenta só mais um pouco e estará tudo terminado!

 

Cena 20

(Levanta-se a Cruz)

 

(Chegam até o local onde será realizada a crucificação. Guarda 2 prega Jesus na cruz enquanto Guarda 1 o segura. Tentador passa entre as pessoas que choram e encara o público)

Tentador: Não me olhem dessa maneira. Não fui eu quem fez isso... Vocês são os únicos responsáveis. Foram, são e serão os culpados.

(Subir a cruz.)

Jesus: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem.

Homem do Povo 2: Tu, que destróis o santuário e o reedificas em três dias, salva-te a ti mesmo, se és o filho de Deus! Desce da cruz!

Sacerdote (para o povo):Salvou os outros, mas a si mesmo não pode salvar-se? É Rei de Israel? Desça da cruz e creremos! Confiou em Deus, pois que venha livrá-lo agora, se de fato lhe quer bem, porque disse: "Sou o Filho de Deus!"

Soldado 1: Salva-te a ti mesmo!

Jesus: Eli, Eli, lama sabactani. Deus, meu Deus, por que me abandonaste?

Mulher do Povo: Ele chama por Elias. Vejamos se Elias vem o salvar.

 

 

Cena 21

(Os Criminosos)

Criminoso 1 (para Jesus): Não és tu o Messias? Salva-te, pois, a ti mesmo e a nós!

Criminoso 2 (para Criminoso 1): Nem tu, que estás sofrendo o mesmo suplício, temes a Deus? Nós padecemos com justiça porque recebemos o castigo digno de nossas obras, enquanto este nada fez de mal. (Para Jesus) Jesus, lembra-te de mim quando chegares ao teu reino!

 

Cena 22

(A morte)

Jesus: Ainda hoje estarás comigo no paraíso! (pausa) Tenho sede!

(Um guarda molha vinagre numa esponja e a ergue para que Jesus beba.)

Guarda: Estais com sede, judeu!!! Beba isso!

Jesus (para Maria): Mulher, aí está o seu filho!

Jesus (olhando para João Evangelista): Aí está a sua Mãe!

Jesus: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito! Tudo está consumado!

(Dito isto, morreu. Maria Madalena, João Evangelista e Maria choram ao pé da cruz. Entra cena de tempestade, atores simulam terremoto, desespero, trovões, etc.)

Soldados 2 (depois da tempestade, enfia uma lança no peito de Jesus e sai água, gritando): Verdadeiramente este era o filho de Deus!

Os soldados retiram Jesus da cruz e entregam o corpo à Maria, que recebe o filho, chorando.   

 

Cai o pano

Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.

William Shakespeare

A plateia só é respeitosa quando não está a entender nada.

Nelson Rodrigues

A vida é muito importante para ser levada a sério.

Oscar Wilde

Há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos.

Carlos Drummond de Andrade

A liberação da energia atômica mudou tudo, menos nossa maneira de pensar.

Albert Einstein

A persistência é o caminho do êxito.

Charles Chaplin

 




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