A História Sem Fim
ATO I
CENA 1
(Música do filme. Atores dançam. Efeitos com tecidos coloridos. Música vai terminando. Efeito e trilha de chuva, como trovões, relâmpagos, vento. Brincadeiras com guarda-chuvas.)
(Cortinas fecham. BASTIAN entra molhado, correndo pelo centro do palco. Enquanto isso, atores arrumam o cenário da seguinte forma: uma cadeira virada para trás, na qual está sentado o SR. KOREANDER, e várias pilhas de livros. Quando a cortina se abre, o cenário já está montado. BASTIAN vira-se e vai mexer nos livros, sem perceber a presença do SR. KOREANDER.)
SR. KOREANDER: Ou entre ou saia! Feche a porta! Está ventando!
(BASTIAN se assusta.)
SR. KOREANDER: (Fala com um cachimbo na boca) Preste atenção, menino! Eu não gosto de crianças. Sei que está na moda fazer grande alarido quando se trata de vocês… Mas comigo, não! Não gosto nada, nada de crianças. Para mim, não passam de uns patetas choramingas, de uns desajeitados que estragam tudo, sujam os livros de geléia, rasgam as páginas e não querem nem saber dos problemas e preocupações que os adultos possam ter. Digo isso para que você não se iluda. Além do mais, não tenho livros para crianças, e nem venderei outros livros a você. Espero ter sido claro!
(SR. KOREANDER volta à leitura.)
BASTIAN: (Com medo) Nem todos são assim.
SR. KOREANDER: (Levanta a cabeça) Você ainda está aí? Me diga uma coisa: o que é preciso fazer para eu me ver livre de você? O que você tinha de tão importante para me dizer?
BASTIAN: (Ainda falando baixinho) Não era importante. Eu só queria dizer que nem todas as crianças são assim como o senhor disse.
SR. KOREANDER: Então é isso! E certamente você é uma grande exceção, não é?
(BASTIAN vira-se com intenção de ir embora.)
SR. KOREANDER: Bela educação! Isso você não deve ter muita, senão teria pelo menos se apresentado.
BASTIAN: Meu nome é BASTIAN. BASTIAN Baltasar Bux.
SR. KOREANDER: Mas que nome curioso! Três Bs. Mas você não tem culpa de ter esse nome. Não foi você que escolheu. Eu me chamo Karl Konrad Koreander.
BASTIAN: Três Ks.
SR. KOREANDER: Hum!… Correto! Mas, por que você entrou com tanta pressa em minha loja? Parecia estar fugindo de alguma coisa. Estava?
BASTIAN: (Concordando com a cabeça) Sim.
SR. KOREANDER: A polícia estava atrás de você, rapaz? Vamos, responda! De quem você estava fugindo?
BASTIAN: Dos meninos da minha classe.
SR. KOREANDER: Por quê? O que eles fazem?
BASTIAN: Ficam me xingando, me empurram e riem de mim.
SR. KOREANDER: E por que você não lhes dá um murro no nariz?
BASTIAN: Não gosto de bater. E, além disso, não sou muito bom no boxe.
SR. KOREANDER: Em outras palavras, você é um molengão, não é verdade? Por que não responde quando eles zombam de você?
BASTIAN: Já fiz isso uma vez, mas eles me colocaram numa lata de lixo e amarraram a tampa. Fiquei chamando umas duas horas até alguém me ouvir.
SR. KOREANDER: Então você é um fracasso total! E os seus pais? O que dizem disso tudo?
BASTIAN: O meu pai não diz nada. Nunca diz nada. Não quer saber de nada.
SR. KOREANDER: E sua mãe?
BASTIAN: Já não está conosco. A minha mãe morreu.
(Neste momento, um telefone toca. O SR. KOREANDER coloca o livro que estava lendo no braço do sofá e levanta-se para atender ao telefonema.)
SR. KOREANDER: Não mexa nesse livro! Ele não é para você!
(SR. KOREANDER sai de cena. BASTIAN se dá conta de que o livro que o SR. KOREANDER lia estava sobre a poltrona. Ele aproxima-se da poltrona, estende a mão devagar e toca o livro. Trilha sonora: sons de trovões, relâmpagos e efeitos com luzes. BASTIAN pega o livro e o olha por todos os lados. A capa brilha conforme o livro muda de posição.)
BASTIAN: (Fala para a platéia, como que lendo a capa do livro) "A História sem Fim".
(BASTIAN olha para o SR. KOREANDER e percebe que ele ainda está ao telefone. Ele esconde o livro debaixo de seu casaco.)
BASTIAN: (Gritando para o SR. KOREANDER) Eu prometo que vou devolver!
(BASTIAN sai correndo. O SR. KOREANDER volta, percebe que o livro não está na poltrona e sorri. A cortina se fecha, para a troca de cenário)
CENA 2
(BASTIAN entra correndo no proscênio e dá de cara com os garotos da escola.)
GAROTO 1: Olha quem tá aqui! O maluco...
GAROTO 2: O cabeça de vento!
GAROTO 3: Mentiroso e convencido!
BASTIAN: Ahhh, não…
(BASTIAN sai correndo, com medo. Trilha de perseguição. Dois meninos saem correndo atrás de BASTIAN pela platéia, enquanto o outro vai buscar a lata de lixo. Quando estiverem de volta no proscênio, os meninos o pegam e o jogam dentro da lata.)
BASTIAN: (Esperneando) De novo não!
(Os meninos saem rindo e xingando BASTIAN. Ele coloca a cabeça para fora do lixo, tentando se limpar. Olha para o relógio.)
BASTIAN: A escola! (Assustado) Prova de matemática…
(BASTIAN sai correndo. Blecaute. BASTIAN volta de cabeça baixa.)
BASTIAN: Já era, perdi a prova.
(BASTIAN olha para o livro, passa a mão na capa, como se tivesse uma idéia.)
BASTIAN: O sótão!
(Vai à frente do proscênio, puxa algumas caixas, os livros, as velas e o que estiver representado. Ajeita-se e abre o livro.)
CENA 3
(BASTIAN vai abrindo o livro e a cortina vai abrindo junto. Palco escuro, atores correndo de um lado para o outro. Trilha: som de vento forte. Luz do FOGO-FÁTUO, feita com uma lanterna grande, ziguezagueando pelo palco. A luz noturna, de cor azul esverdeada, vai acendendo. Personagens continuam desesperados, correndo e procurando abrigo por achar que o NADA está vindo. De repente, entra o FOGO-FÁTUO. Ator e os demais ficam paralisados, assustados.)
FOGO-FÁTUO: (Apressado) Com licença! Algum de vocês sabe dizer como faço para chegar à Torre de Marfim?
HOMEM DE PEDRA: (Aliviado) É só um fogo-fátuo!
MORCEGO: Que susto! Pelo que vejo, quer encontrar a Impreratriz Criança.
FOGO-FÁTUO: Quero sim! Minha terra foi destruída!
GNOMO: Você também é um mensageiro?
FOGO-FÁTUO: Sou. E quero encontrar a IMPERATRIZ Criança.
GNOMO: Então junte-se a nós!
(Sons de cigarra, grilos e sapos de fundo.)
HOMEM DE PEDRA: Na minha terra, no Pântano da Podridão, aconteceu uma coisa... uma coisa inacreditável... Ou melhor, ainda está para acontecer... É difícil explicar... Começou assim: a leste da nossa terra, há um lago, ou, melhor dizendo, havia… que se chamava Caldo Fervente. Tudo começou quando, um certo dia, o lago desapareceu… Pela manhã não estava mais ali. Compreendem?
MORCEGO: Quer dizer que secou?
HOMEM DE PEDRA: Não. Se assim fosse, haveria ali um lago seco. Mas não foi assim. No lugar onde havia o lago, não havia mais nada. Nada mesmo, compreendem?
MORCEGO: Então havia um buraco?
HOMEM DE PEDRA: Não! Não havia um buraco. Um buraco ainda é alguma coisa e ali não há NADA!
GNOMO: Mas como assim? Isso só acontece na sua terra?
FOGO-FÁTUO: Não, pois com a minha terra está acontecendo a mesma coisa… (Pensativo, preocupado) O lugar do NADA está crescendo pouco a pouco.
HOMEM DE PEDRA: Cada vez mais desaparece um pedaço de Fantasia.
MORCEGO: Então toda Fantasia vai desaparecer!
GNOMO: (Assustado) Mas então o que nós estamos esperando? Não há mais tempo a perder… Vamos atrás da IMPERATRIZ!
(Toca a sirene da escola. Personagens congelam. Foco no em BASTIAN. Ele pára de ler e se lembra de algo.)
BASTIAN: Aula de ciências!
BASTIAN: (Olhando para a platéia) Mas agora não posso parar!
(Volta a ler o livro curioso. Abre-se a cortina. Cenário: Torre de Marfim. Trilha triste. Entram seres estranhos, fazendo uma coreografia triste na frente do palco e atrás da cortina branca. Sombras. GNOMO NOTURNO entra com o MORCEGO, perdidos entre os seres à procura da IMPERATRIZ CRIANÇA, e tenta perguntar às pessoas que estão em volta, mas ninguém lhe dá atenção. No momento em que ele toca um dos seres, todos param de conversar e se reúnem em grupos sentados e apáticos, com exceção do GNOMO NOTURNO, do MORCEGO e do MINÚSCULO.)
GNOMO NOTURNO: Viajamos de muito longe. A IMPERATRIZ Criança está?
MINÚSCULO: Ela está sim, lá no alto da torre, mas você vai ter que esperar, esperar muito…Todos eles estão esperando…
(O MORCEGO, escutando a palavra "esperar", faz cara de saco cheio e começa a se espreguiçar, fica impaciente, sonolento e se pendura de cabeça para baixo.)
MINÚSCULO: São mensageiros de todas as regiões de Fantasia e todos trazem a mesma mensagem que nós. Já falei com muitos deles. Parece que por toda a parte surgiu o mesmo perigo.
(GNOMO NOTURNO dá um longo suspiro.)
GNOMO NOTURNO: E alguém sabe o que é essa coisa e de onde vem? E a IMPERATRIZ Criança?
MINÚSCULO: A IMPERATRIZ Criança está doente, muito doente.
(Todos em cena abaixam suas cabeças e os que estavam de pé sentam-se.)
MINÚSCULO: Talvez seja essa a causa de toda essa desgraça que se abalou sobre Fantasia!
MINÚSCULO: Mas até agora ninguém, nem mesmo os melhores médicos de Fantasia, sabe o que é e como curar a doença da IMPERATRIZ.
GNOMO: Mas isso é uma verdadeira catástrofe!
MINÚSCULO: Pois é…
(O HOMEM DE PEDRA e o FOGO-FÁTUO entram cada um de um lado do palco, tristes, já sabendo da notícia, e se juntam ao GNOMO NOTURNO, com gestos de consolo.)
MORCEGO: Escutei dizer que todos os médicos em Fantasia estão lá em cima, mas ninguém conseguiu descobrir por que a IMPERATRIZ está assim.
(CAIRON entra, e todos se levantam.)
CAIRON: (Falando a todos os presentes) Amigos, eu sei por que estão aqui… O NADA está destruindo o nosso mundo. Também sei que vocês vieram suplicar ajuda à IMPERATRIZ, mas eu tenho notícias terríveis… Existe uma grande ligação entre a doença da IMPERATRIZ e o NADA… Nossa IMPERATRIZ está morrendo.
(Todos começam a murmurar.)
CAIRON: (Continuando) Assim, ela não pode nos salvar. Mas ainda existe uma única chance: entre o povo da planície que caça o búfalo púrpura, há um grande guerreiro, e só ele pode lutar contra o NADA e nos salvar. É nossa única esperança… Seu nome é ATREIÚ.
(Elenco ao fundo fica paralisado. Foco em BASTIAN.)
BASTIAN: (Lendo o livro) A IMPERATRIZ já tinha mandado buscar o grande guerreiro, quando ele finalmente apareceu no terraço da Torre de Marfim. Trazia consigo a esperança de toda Fantasia.
(ATREIÚ entra.)
CAIRON: Desculpe, mas não é hora nem lugar para crianças. Devo pedir que se retire.
ATREIÚ: Se não me queria aqui, não sei por que mandou me buscar.
CAIRON: Não mandamos buscar você! Queremos ATREIÚ!
ATREIÚ: Eu sou ATREIÚ!
(Todos riem.)
CAIRON: Não ATREIÚ criança, o ATREIÚ guerreiro!
ATREIÚ: Sou o único ATREIÚ do povo das planícies. Ficarei feliz em voltar e caçar meu búfalo púrpura.
CAIRON: Não! Espere… Por favor, volte.
(ATREIÚ volta.)
CAIRON: Se você é mesmo o ATREIÚ que mandamos buscar, deve saber que vai sair numa missão.
ATREIÚ: Sim! Sim, é claro! Mas que tipo de missão?
CAIRON: Encontrar a cura para a IMPERATRIZ e salvar o nosso mundo. Você deve ir sozinho, ninguém poderá orientá-lo… Vai ser muito perigoso.
ATREIÚ: Existe alguma chance de sucesso?
CAIRON: Eu não sei, mas, se você falhar, a IMPERATRIZ certamente morrerá e todo o nosso mundo será destruído.
ATREIÚ: Quando eu começo?
(Murmúrios.)
CAIRON: Agora, e deve se apressar, ATREIÚ! O NADA fica mais forte a cada dia. Leve isto (coloca o Aurin no pescoço de ATREIÚ). Aquele que usa o Aurin fala pela IMPERATRIZ. Ele irá guiá-lo e protegê-lo.
(Blecaute. Todos saem de cena. Troca de cenário para o de "Pântano da Tristeza". Aparecem os olhos do LOBO. Cortina se abre com foco em BASTIAN.)
BASTIAN: Enquanto isso, no Pântano da Tristeza, ATREIÚ e seu ARTAX não sabiam o grande perigo que corriam.
ATREIÚ: Vamos, não pare, por que parou? Vamos, ARTAX… O que está acontecendo? Vamos, garoto… ARTAX? Você está afundando! Vamos, amigo, não deixe que a tristeza tome conta de você! Lute, por favor! ARTAX… ARTAX! (Chorando, desesperado) Vamos, ARTAX , não pode me deixar! ARTAX, não morra!
BASTIAN: (Fala ao mesmo tempo que ATREIÚ) ARTAX, não morra!
(ARTAX afunda na areia movediça do pântano.)
BASTIAN: (Lendo e chorando) ATREIÚ cerrou os lábios com força, não conseguia falar. Deu um último adeus a ARTAX, voltou-lhe as costas e continuou a andar.
(ATREIÚ anda pelo pântano, cansado, desanimado, etc.)
BASTIAN: (Lendo) ATREIÚ e ARTAX tinham procurado nas Montanhas Prateadas, no Deserto das Esperanças Destroçadas e nas Torres de Cristal, sem sucesso. A partir daí só havia restado uma esperança: encontrar MORLA, o Ancião, o ser mais sábio de Fantasia, cujo lar ficava na Montanha da Carcaça, em algum lugar no mortal Pântano da Tristeza.
(ATREIÚ avista um monte.)
ATREIÚ: Estou cansado, preciso parar um pouco.
(ATREIÚ senta-se no monte, que começa a se mover.)
BASTIAN: MORLA!
(ATREIÚ se assusta, cai no chão e começa a afastar-se do monte ao perceber que é na verdade uma tartaruga gigante.)
BASTIAN: (Gritando) Aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh!
(ATREIÚ e MORLA ouvem o grito de BASTIAN, param e procuram quem gritou.)
BASTIAN: Isso não é possível! Eles não podem ter me ouvido!
ATREIÚ: Você é MORLA, o Ancião?
MORLA: Isso não tem muita importância, mas sou Morla, sim…
ATREIÚ: Você tem que me ajudar! Por favor, me ajude! Reconhece isto?
MORLA: Nós não temos visto AURIN há muito tempo…
ATREIÚ: Nós? Tem mais alguém aqui?
MORLA: Nós não falamos com ninguém há milhares de anos. Então nós começamos a falar entre nós…
(MORLA espirra, e o efeito disso será conseguido com um extintor de incêndio.)
ATREIÚ: MORLA, trago noticias terríveis. Você sabia que a IMPERATRIZ está muito doente?
MORLA: Isso não tem importância. Mas, é claro que sei. Na verdade, não interessa…
ATREIÚ: Se você não a salvar, ela vai morrer. Tem um NADA terrível varrendo toda a terra. Você não se importa com isso?
MORLA: Isso não tem a menor importância…
(MORLA ameaça um espirro.)
ATREIÚ: Está resfriado?
MORLA: Não!… Somos alérgicos a juventude…
(MORLA espirra. Efeito com o extintor.)
ATREIÚ: Sabe como posso ajudar a IMPERATRIZ, não é?
MORLA: Isso não importa, mas eu sei…
ATREIÚ: Se não me disser, e o NADA continuar vivo, você vai morrer também. Os dois.
MORLA: Morrer!… Isso ao menos seria alguma coisa!…
(MORLA ameaça um espirro. ATREIÚ se segura com força.)
ATREIÚ: (Se soltando) Por favor, me ajude! Você disse que sabia.
(Espirro de MORLA. ATREIÚ é jogado longe.)
MORLA: Estamos cansados de espirrar… Vá embora… Nada importa…
ATREIÚ: Não é verdade! Se não importasse mesmo, teria me dito.
MORLA: Aaahhh… Garoto inteligente…
ATREIÚ: (Gritando) Diga, por favor!
MORLA: Nós não sabemos, mas pode perguntar ao Oráculo do Sul.
ATREIÚ: Como eu o encontro?
MORLA: Não pode… Ele fica a dezesseis mil quilômetros daqui…
ATREIÚ: (Desanimado) É muito longe…
MORLA: Exato… Esqueça… Desista…
(Foco em BASTIAN. Toca sinal da escola. BASTIAN suspira desanimado, começa a trovejar e ele se assusta. Com medo, pega suas coisas com vontade de parar de ler.)
BASTIAN: Não! ATREIÚ não iria desistir agora.
(BASTIAN volta a ler. Mais trovões. Mancebo cai. BASTIAN se assusta. Foco no palco. Aparece o LOBO correndo no pântano. ATREIÚ está cansado, sem energia e sem esperança.)
ATREIÚ: Não vai dar… Uf… é impossível… nunca vou conseguir chegar… nunca! Não dá… estou muito cansado…
(O lobo continua atrás de ATREIÚ, que afunda na areia movediça do Pântano da Tristeza. Galhos.)
BASTIAN: (Como que animando ATREIÚ) ATREIÚ, não desista agora… você tem que continuar lutando!
(ATREIÚ escuta a voz de BASTIAN e recobra a energia.)
ATREIÚ: Não posso desistir… a IMPERATRIZ… eu prometi.
(ATREIÚ sai do pântano. Parar com a fumaça. ATREIÚ sai de cena como se estivesse caminhando para fora do pântano. LOBO aparece ofegante. Luz apaga para que ele traga o próximo cenário. Teia de aranha, feito com cordas. DRAGÃO e YGRAMUL, aranha-monstro. Somente os olhos desta aparecem. DRAGÃO está preso na teia e YGRAMUL o ataca violentamente. Seus sons são estridentes. DRAGÃO tenta se defender mordendo YGRAMUL. Luta violenta. ATREIÚ aparece por uma das coxias e fica espiando a luta, horrorizado,. Ao perceber que o DRAGÃO não vai resistir, sai do esconderijo.)
ATREIÚ: Pare em nome da IMPERATRIZ!
YGRAMUL: Quem está aí? Quem é você? Quem ousa desafiar YGRAMUL?
ATREIÚ: Sou ATREIÚ! Liberte o dragão imediatamente!
YGRAMUL: Nem mesmo o portador do Aurin pode dar ordens a YGRAMUL! Vai morrer, bípede!
(DRAGÃO geme o tempo todo. YGRAMUL começa a atacar ATREIÚ, que se defende desviando.)
ATREIÚ: Se me matar, vai morrer também, pois estou em missão para salvar a IMPERATRIZ Criança!
YGRAMUL: Então você será a minha última refeição! Não morrerei de estômago vazio, bípede!
ATREIÚ: Preciso chegar ao oráculo do sul! Não posso morrer… eu prometi salvar a IMPERATRIZ!
YGRAMUL: Cale-se bípede… já atrapalhou demais a minha refeição…
(YGRAMUL acerta ATREIÚ algumas vezes. Depois de muito ferido, ATREIÚ cai.)
YGRAMUL: Bípede impertinente… dou-lhe o direito de escolher a sua vida ou a dele… Mas vai trocar a sua vida pela de um dragão que está quase morto e não lhe servirá para mais nada? E então: a sua ou a dele?
ATREIÚ: Nenhuma das duas…
(ATREIÚ aponta seu arco-e-flecha para o monstro, para que todos pensem que irá matá-lo, mas, em seguida desvia, a sua pontaria para a teia imaginando que a flecha irá arrebentá-la, mas nada acontece.)
YGRAMUL: Bípede imbecil! Perdeu a sua chance!
(YGRAMUL vai para cima de ATREIÚ. Cena de luta: ATREIÚ segura as garras da aranha e a joga com os pés. Enquanto a aranha se recupera, ATREIÚ pega a espada e um elmo que estão no chão junto a uma caveira. ATREIÚ arrebenta a teia, libertando o DRAGÃO. ATREIÚ abraça o DRAGÃO.)
YGRAMUL: Já que é tão esperto e deseja tanto chegar ao oráculo do sul… (a aranha morde ATREIÚ, que não consegue se defender) acha que uma hora é o suficiente? Pois é o tempo que lhe resta de vida até o meu veneno fazer efeito…
(Aranha sai de cena.)
DRAGÃO: Você salvou a minha vida… muito obrigado!
ATREIÚ: Salvei a sua vida, mas só por uma hora, pois é só o tempo de vida que nos resta… sinto cada vez com mais força o veneno de YGRAMUL…
DRAGÃO: Para cada veneno existe um antídoto, tudo se resolverá.
ATREIÚ: Mas eu não sei como.
DRAGÃO: Nem eu…
(ATREIÚ e o DRAGÃO começam a sentir os primeiros efeitos do veneno, gemem e desmaiam. Luzes se apagam. Troca de cenário. Teia, aranha, etc. saem de cena e entra o casal de gnomos, com remédios, etc. Foco neles.)
GNOMA: Vai mais para lá… você está me atrapalhando!
GNOMO: Velha rabugenta! É você que está me atrapalhando! Como vou limpar e remendar tudo isso com você em cima de mim?
GNOMA: EsTas crianças não precisam de remendos e nem de faxina, e sim da minha poção. Não se perde tempo quando se trata do veneno de YGRAMUL.
GNOMO: Sim, sim, mas também não se brinca quando se trata de ferimentos causados pelas garras de YGRAMUL!
GNOMA: Saia de cima!
GNOMO: Saia você, mulher!
(ATREIÚ acorda.)
GNOMO: Viu só, mulher? Você o acordou!
GNOMA: (Sem dar atenção ao GNOMO) Vamos, vamos minha criança, beba, beba depressa! É uma vitamina com asa de morcego, rabo de salamandra, baba de lesma e meu toque especial!
(GNOMA força ATREIÚ a tomar sua vitamina e, em seguida, faz o mesmo com o DRAGÃO, que também acorda.)
GNOMO: Sai, mulher! Preciso pegar uma coisa para mostrar ao garoto!
(GNOMA e GNOMO saem de cena.)
ATREIÚ: Obrigado!
ATREIÚ: (Pausa) Nossa! Estamos vivos! Como conseguimos escapar?
DRAGÃO: (Dá uma piscada com um olho só) Com sorte!
ATREIÚ: (Curioso) Quem é você?
DRAGÃO: Eu sou FALCOR, o dragão da sorte!
FALCOR: Será que você pode coçar a minha orelha… eu não consigo alcançá-la!
(Sorrindo, ATREIÚ atende o pedido do DRAGÃO.)
FALCOR: Então, amiguinho, está a caminho do oráculo do sul?
ATREIÚ: Estou, mas é inútil… fica longe demais!
FALCOR: Eu não diria isso!
ATREIÚ: Você sabe chegar lá?
FALCOR: (Rindo) É claro! É só virar a esquina!
ATREIÚ: Como isso foi acontecer?
FALCOR: Com sorte! (Dá outra piscada.)
ATREIÚ: Você percorreu todos os 16.000 quilômetros?
FALCOR: Não! Apenas 15.891, segundo os meus cálculos!
ATREIÚ: Você é incrível!
FALCOR: Nunca desista e a sorte irá ao seu encontro!
ATREIÚ: É bom voltar a ter um amigo!
ATREIÚ: Não posso mais perder tempo… tenho que ir!
(Gnomos voltam. O GNOMO está cheio de papéis em suas mãos.)
GNOMO: Aonde vai com tanta pressa?
ATREIÚ: Ao oráculo… (É interrompido pelo GNOMO.)
GNOMO: Acha que é tão simples passar pelo oráculo? Vem aqui, garoto, preciso lhe falar! Primeiro de tudo, eu sou Engywood, e esta é a minha esposa, Urgl. Já ouviu falar de nós?
ATREIÚ: Acho que não!
GNOMO: Que pena! Já vi que você não é do meio científico!
GNOMA: Fique quieto e pare de se exibir!
GNOMO: Não enche! Agora é a minha vez de falar com o garoto! Sou perito no oráculo do sul.
GNOMA: Ai que velho bobo!
GNOMO: Preciso explicar-lhe sobre o oráculo… Nunca ninguém foi tão longe…
ATREIÚ: Por quê?
GNOMO: Seu primeiro obstáculo serão as esfinges. Os olhos das esfinges ficam fechados até alguém… que não confia nele mesmo tentar atravessar! Um suspiro de hesitação é o suficiente para acordá-las. Todos que tentaram, morreram. Elas podem ver dentro do seu coração!
ATREIÚ: Eu vou tentar!
(ATREIÚ sai de cena.)
GNOMO: (Saindo atrás de ATREIÚ e gritando) Ainda é muito cedo… não terminei de explicar!
(Todos saem de cena. Luzes se apagam. Foco em BASTIAN. As esfinges se posicionam das coxias.)
BASTIAN: Não, não vá tão depressa… volte, ATREIÚ! Espere que ele termine de explicar!
(Focos vermelhos nas esfinges, logo em seguida, foco branco em ATREIÚ, que vai sair de uma das últimas coxias e estará de frente para o público, enfrentando as esfinges. As Esfinges estarão vestidas de branco com ornamentação branca e cada uma estará com uma lança longa e branca. ATREIÚ olha para as esfinges, fecha os olhos e segura o Aurin com força, logo em seguida abre os olhos e segue em frente. Caveiras jogadas no chão mostrando que quem chegou até ali fracassou. Sons de vento. ATREIÚ chega perto das caveiras e se assusta. Hesita e pára assustado, chega a recuar para trás com medo.)
BASTIAN: (Lendo o livro) Essa não! Não comece a duvidar de você! Seja confiante!
GNOMO: Ele não vai conseguir! Não vai!
(As esfinges começam abrir os olhos devagar e se mover lentamente querendo atingir ATREIÚ. Ele permanece parado em pânico, olhando para as esfinges.)
BASTIAN: Corra, ATREIÚ! Corra!
GNOMO: Corra! Corra, garoto!
(As esfinges, completamente acordadas, se movem.)
BASTIAN: Corra agora!
ATREIÚ, como se escutasse BASTIAN, corre enquanto as lanças estão quase o atingindo, mas precisa desviar e escapa por pouco. Ele escapa, as lanças se chocam e caem no chão.)
BASTIAN: (Gritando) Ele conseguiu! Ele conseguiu!
GNOMO: Conseguiu, conseguiu!
(GNOMO está todo o tempo assistindo de fora do palco, comemorando e sofrendo junto com o BASTIAN. Ele sempre olha para ATREIÚ e para o público.)
(As luzes se apagam para a montagem do próximo cenário, "neve". Foco no GNOMO, que estará no próscênio ou próximo à platéia.)
GNOMO: Mas o pior está por vir! O próximo portão é o espelho mágico! ATREIÚ terá que enfrentar a si mesmo… e é aí que pessoas boas descobrem que são cruéis, homens corajosos descobrem que são covardes… Diante do verdadeiro eu, a maioria dos homens foge gritando…
(Cenário de neve. Coreografia para a montagem do cenário que representará o sofrimento. ATREIÚ está em uma tempestade de neve. Ele entra um pouco depois de a coreografia começar, continua caminhando junto com a coreografia, e, pouco antes de encontrar o espelho, os bailarinos saem. ATREIÚ encontra o espelho e vê BASTIAN lendo o livro. Foco em BASTIAN, que continua lendo.)
BASTIAN: À sua frente, a uma distância de cerca de 20 passos, aparecia agora a porta do espelho mágico, onde antes existia uma planície vazia. Parecia impossível passar através daquela superfície metálica, mas ATREIÚ não hesitou nenhum instante. Estava à espera de ver no espelho qualquer imagem terrível e assustadora de si mesmo, como havia lhe dito o GNOMO, mas, agora que tinha deixado o medo para trás, isso lhe parecia irrelevante. Porém, invés de uma imagem aterradora, viu uma coisa para a qual não estava preparado e que também não podia compreender. Um menino… Era um menino aproximadamente da mesma idade que ele, sentado de pernas cruzadas e lendo um livro. Estava embrulhado em velho cobertor. Atrás dele, viam-se alguns objetos: um mancebo, caixas de papelão e alguns livros.
(BASTIAN se assusta e joga o livro longe.)
BASTIAN: Mas, isso já está indo longe demais! E se eles estiverem sabendo de mim em Fantasia!
(ATREIÚ tenta tocar em BASTIAN.)
(BASTIAN sobe no palco e vai para a frente do espelho. Cena de jogo de espelhos. BASTIAN se assusta, volta para o seu lugar e retorna à leitura.)
(ATREIÚ fica parado em frente ao espelho sem a imagem de BASTIAN. Entra uma coreografia de duplas fazendo o jogo dos espelhos. No meio da coreografia, as estátuas do Oráculo do Sul se posicionam. Enquanto levam a moldura embora, ATREIÚ atravessa o espelho.)
ORÁCULO: Não tenha medo! Não lhe faremos mal. Estamos esperando por você há muito tempo, ATREIÚ.
ATREIÚ: São o Oráculo do Sul?
ORÁCULO: Sim, nós somos.
ATREIÚ: Então devem saber o que pode salvar Fantasia?
ORÁCULO: Sim, nós sabemos!
ATREIÚ: Mas então o que é? Eu preciso saber!
ORÁCULO: A IMPERATRIZ precisa de um novo nome.
ATREIÚ: Um novo nome? Só isso? Mas isso é fácil! Eu posso lhe dar o nome que quiser.
ORÁCULO: Ninguém em Fantasia pode fazê-lo. Só uma criança humana pode dar a ela um novo nome.
(As esfinges começam a se desmanchar. Personagens desabam lentamente.)
ATREIÚ: Uma criança humana? Mas onde posso encontrar uma?
ORÁCULO: Você só a encontrará além das fronteiras de Fantasia. Se você quiser salvar o nosso mundo, precisa se apressar… não sabemos por quanto tempo mais poderemos deter o NADA.
(Uma das estátuas desmorona em cima de ATREIÚ, que desvia e grita.)
ATREIÚ: (Gritando) FALCOR… FALCOR!
(FALCOR aparece, ATREIÚ pula em cima dele e continua voando.)
ATREIÚ: Depressa, FALCOR! Temos que ir além das fronteiras de Fantasia…
FALCOR: Mas posso saber por quê tanta pressa?
ATREIÚ: Somente uma criança humana pode salvar a IMPERATRIZ… temos que correr… o tempo está acabando…
FALCOR: Chegaremos lá em um instante.
ATREIÚ: E você sabe onde ficam?
FALCOR: Não faço a menor idéia!
ATREIÚ: E como encontraremos uma criança humana?
FALCOR: Com sorte!
(Coreografia de passagem de tempo. Várias (?) representando vales, sol, montanha, águas e céu. Foco em BASTIAN. Ele para de ler o livro.)
BASTIAN: Eu poderia dar um nome para IMPERATRIZ… aliás eu poderia dar muitos nomes. Mas é melhor eu parar com isso… é apenas uma história… e eu não faço parte dela.
(BASTIAN suspira e volta a ler.)
BASTIAN: (Lendo) Com o NADA cada vez mais perto, FALCOR e ATREIÚ se encontravam presos em uma grande tempestade. De repente, ATREIÚ cai, se separando de FALCOR.
(Foco em ATREIÚ.)
ATREIÚ: (Gritando) Falcoooooooooor!
(ATREIÚ está perdido à procura de FALCOR. A luz vai abaixando. Música de suspense. Acendem os olhos do LOBO. ATREIÚ percebe que está sendo observado e se vira em direção aos olhos).
LOBO: Você estava me procurando?
ATREIÚ: Quem é você?
LOBO: Eu sou Gmork. E você?
ATREIÚ: Sou um guerreiro e procuro os limites de Fantasia.
LOBO: (Ri sarcasticamente) Fantasia não possui limites, é o mundo da fantasia humana. Cada criatura é um pedaço dos sonhos dos seres humanos, por isso ela não tem fronteiras.
ATREIÚ: (Desespero) Mas por que Fantasia está desaparecendo? O que está acontecendo?
SOMBRA (LOBO) : As pessoas estão desistindo dos seus sonhos e com isso estão destruindo Fantasia… e fortalecendo o NADA.
ATREIÚ: O que é o NADA?
SOMBRA: (Se aproximando devagar) É o vazio que toma o lugar dos sonhos… e eu faço parte de tudo isso… Fui enviado para destruir o mensageiro que está tentando barrar o nada.
ATREIÚ: (Se preparando para lutar) Então tente… não morrerei tão fácil.
(SOMBRA e ATREIÚ se aproximam do centro do palco encarando um ao outro em movimento de translação. Dançarinos vestidos de preto e branco entram, formam uma roda em torno dos dois e começam a girar e dançar ao mesmo tempo, aumentando a velocidade gradativamente. Som de explosão. Tempestades e terremotos.)
ATREIÚ: (Gritando): Falcoooooooor!
BASTIAN: (Lendo) E este foi o fim de Fantasia.
(Blecaute.)
ATREIÚ: Você está vendo alguma coisa?
FALCOR: Não… tudo acabou!
ATREIÚ: Eu sei, é tudo minha culpa…
FALCOR: Você tentou!
ATREIÚ: Será que a torre de Marfim ainda está de pé?
FALCOR: Não sei… deixe o Aurin nos guiar…
(Música toca, pequena luz acende no centro do palco e vai aumentando até se tornar a torre de Marfim.)
(Luz acende. Torre de Marfim. A IMPERATRIZ está dentro da torre.)
IMPERATRIZ: ATREIÚ, por que está tão triste?
ATREIÚ: Eu falhei, IMPERATRIZ…
IMPERATRIZ: (Sorrindo) Não, não falhou! Você o trouxe com você!
ATREIÚ: Quem?
IMPERATRIZ: A criança da Terra, a única que pode nos salvar!
ATREIÚ: Sabia sobre a criança da Terra?
IMPERATRIZ: É claro eu sabia de tudo!
ATREIÚ: Eu quase morri… para descobrir uma coisa que você já sabia!
IMPERATRIZ: Era a única forma que tínhamos de entrar em contato com o humano.
ATREIÚ: Mas eu não consegui!
IMPERATRIZ: Conseguiu sim. Enquanto você vivia as suas aventuras, ele estava o tempo todo ali. Ele ainda não sabe que faz parte de Fantasia. Enquanto ele lia a sua história, outras pessoas liam a dele. Estavam com ele o tempo todo. Quando ele fugia dos garotos, quando entrou na livraria…
BASTIAN: Mas isso não é possível!
ATREIÚ: Onde ele está, por que não o vejo?
(Barulho de tempestade. BASTIAN fica assustado e larga o livro.)
BASTIAN: Não posso acreditar! Eles não podem estar falando de mim!
ATREIÚ: O que acontecerá se ele não aparecer?
IMPERATRIZ: O nosso mundo desaparecerá e eu também!
(Desespero.)
ATREIÚ: Como ele pode deixar isso acontecer?
IMPERATRIZ: Ele não entende que é o único que pode parar o NADA… Ninguém imagina que um garotinho pode ser tão importante!
BASTIAN: Será que é de mim que eles estão falando?! (Gritando) O que eu tenho que fazer?!
IMPERATRIZ: Ele só tem que me dar um novo nome! Ele já o escolheu… ele só o tem que falar alto!
BASTIAN: Eu não estou entendendo nada! É só uma história! Uma história!
(Barulho de chuva. Tensão na cena.)
IMPERATRIZ: (Chorando): BASTIAN… por que não segue os seus sonhos?!
BASTIAN: Mas eu não posso! Eu tenho que manter os pés no chão!
IMPERATRIZ: (Desespero) Fale o meu nome! Salve-nos, por favor!
BASTIAN: (Gritando) Está bem… vou salvá-los… seguirei os meus sonhos!
BASTIAN: (Gritando) Eu vou salvá-los!
(Blecaute. Pequena luz aparece na mão da IMPERATRIZ. Abre-se um suave foco de luz nos dois.)
BASTIAN: Mas o que é isso?
IMPERATRIZ: É um pequeno grão de areia… é tudo que restou de Fantasia…
BASTIAN: Fantasia desapareceu totalmente! Então tudo foi em vão?
IMPERATRIZ: Não… não foi. Fantasia pode nascer novamente de seus sonhos e desejos, BASTIAN.
BASTIAN: Como?
IMPERATRIZ: Abra a sua mão
(A IMPERATRIZ coloca o ponto de luz na mão de BASTIAN.)
IMPERATRIZ: O que você vai desejar?
BASTIAN: Não sei!
IMPERATRIZ: (Decepção) Então não haverá Fantasia!
BASTIAN: E quantos desejos eu posso ter?
IMPERATRIZ: (Sorrindo) Todos que você quiser! E quanto mais desejos fizer, mais maravilhosa Fantasia se tornará!
BASTIAN: Verdade?
IMPERATRIZ: Tente!
(BASTIAN olha o grão de areia que está em sua mão pensativo.)
BASTIAN: Então o meu primeiro desejo é…
(Os dois olham para cima.)
Cai o Pano
Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.
A plateia só é respeitosa quando não está a entender nada. A vida é muito importante para ser levada a sério.
Há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos.
A liberação da energia atômica mudou tudo, menos nossa maneira de pensar.
A persistência é o caminho do êxito.